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terça-feira, 1 de junho de 2010

“Se me tentassem formatar, eu não ia ter gosto em fazer rádio”

Perfil: Pedro Portela

É o autor de um dos programas radiofónicos mais antigos em Portugal: “o Domínio dos Deuses”, desde 1986 a viajar nas ondas do éter. Pedro Portela é investigador na área da comunicação e um apaixonado por música, apesar de nunca ter tocado um instrumento.

Nasceu a 24 de Setembro de 1970, em Braga, e aí se manteve até hoje. Todo o seu percurso escolar e académico teve lugar na cidade dos arcebispos. Licenciou-se em Sistemas de Informática, mas a vida trocou-lhe as voltas. Foi convidado pelo departamento de Comunicação da Universidade do Minho(UM) a leccionar disciplinas ligadas a tecnologias digitais e multimédia, área em que trabalhava. Gostou da experiência. Ficou.




O Domínio dos Deuses nasceu na pirata Rádio Clube Minho, com três pessoas, um livro de banda desenhada e um desejo enorme de divulgar música que não fazia parte do circuito comercial. Num panorama radiofónico curto, as piratas apareciam, como explica Pedro Portela, “com propostas completamente diferentes”. Mas precisavam de um nome. Portela estava a ler “Astérix e o Domínio dos Deuses” e pensou: “que nome engraçado!”. Os colegas concordaram. O programa foi transmitido pela primeira vez tinha ele 15 anos. Três anos depois, em 1989, o Domínio mudou-se para a Rádio Universitária do Minho (RUM).


É muito organizado. Os seus mais de cinco mil discos encontram-se arrumados e catalogados numa lista disponível do site do Domínio dos Deuses.


Se há um grande responsável por toda esta paixão pela Rádio, ele é António Sérgio por meio do programa “Som da Frente”. “Ele punha música que eu não ouvia em mais lado nenhum, impulsionava-me a comprar discos esquisitos. Até criei um hábito de ir a Vigo comprar discos para alimentar o programa de rádio e, assim, já podia eu também ser um divulgador”. O programa viveu muito anos às suas custas. “Comecei a escrever para o Blitz, a pôr música em bares e por aí fora... Tudo o que ganhava derretia em discos”, confessa. Hoje em dia é mais fácil. Criou uma rede de contactos ao longo dos anos e os discos chegam-lhe à caixa de correio. Os que não chegam, compra online.


Gostava de fazer mais programas de rádio. “Ideias não me faltam!”, diz. Lamenta é não ter tempo para as concretizar. Quer fazer programas em que “a história e a narrativa são o ponto forte”. “Já tive a ideia de pegar em pessoas famosas ou nem tanto e fazer programas de rádio em torno da sua casa de infância”, especifica.


Chegou a pensar abraçar uma carreira no meio. No entanto, isso implicaria uma mudança para o Porto ou mesmo para Lisboa. Por razões pessoais, sair da sua cidade natal não faz parte dos planos. Por outro lado, considera que “dificilmente numa carreira numa rádio comercial ou mesmo na rádio pública teria a mesma liberdade que tem na Universitária”. Toda a concepção do Domínio é da sua autoria. “Se me tentassem formatar, eu não ia ter gosto em fazer rádio”. Admite que, por enquanto, fazer trabalho de investigação em Rádio o realiza.


AS ESCOLHAS DE PEDRO PORTELA

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